Quando digo “enxergar com o coração” estou me referindo à capacidade ou às vezes a necessidade que temos de fechar os olhos para algumas coisas e fazer ver com o coração, com os sentimentos que afloram deste órgão tão “bombardeado” de sentimentos.

Claro que é uma metáfora, sim, um termo forte que vai além da capacidade natural do ver com os olhos, da naturalidade do que podemos captar com o olhar.  É uma expressão que condiz a busca não apenas daquilo que vislumbramos e sim com a essência, com a grandeza que não está apenas no que se demostra pelas curvaturas de uma aparência e sim na profundidade daquilo que não está a mostra, que está bem mais adentro daquilo que se expõe, é não apenas ver a superficialidade e sim enxergar com amor e compreensão.

Enxergar com o coração é ver de dentro para fora toda magnitude daquilo que alguém nos quer mostrar.

Todos nós temos a capacidade de desenvolver este “poder”, todos, sem medir a idade sem julgar a aptidão.

Enxergar com o coração é um treino que precisa ser desenvolvido desde cedo mas, não só, podemos também aprender em qualquer idade e quando isto é feito temos ao longo dos anos benefícios que só nos fazem bem porque não aprendemos ou desaprendemos  o julgar, não aprendemos ou desaprenderemos a impor aquilo que queremos e sim o que é melhor para cada um de nós dentro do contexto que vivemos naquele momento e daí em diante passamos a enxergar aquilo que de verdade é e não o que uma imagem apenas nos mostra.

Quantos de nós vivemos superficialmente a necessidade de ver aquilo que queremos ver e não o que de verdade é?

Quantos de nós queremos também ouvir apenas aquilo que queremos e não o que de verdade precisa ser ouvido?

Pois é, a humanidade é assim ou pelo menos a maioria de nós não consegue conviver com esta realidade. Vivemos a fantasia de uma agressividade invisível do poder de um julgamento que favorece a nós e não a humildade, vivemos de uma autenticidade de reconhecimento de que somos perfeitos e não erramos e assim sendo não conseguimos enxergar além de nossa própria visão e enxergar com o coração é exatamente a quebra destes estigmas é a mudança gradativa para o melhor de cada um de nós.

Enxergar com o coração é aprender a se libertar paulatinamente do nosso perfeccionismo, da nossa impotência, é nos libertar dos medos que nos assombram e do desconhecido. Enxergar com o coração é ter a capacidade de compreender que não necessitamos ter certeza de tudo porque o tudo não existe somos nós quem o criamos, enxergar com o coração é reconhecermos que o outro tem a mesma possibilidade que a nós foi dado e que se diferente é, é porque a ele as oportunidades não foram as mesmas.

Enxergar com o coração é conseguir se livrar das amarras, das dúvidas e incertezas libertando-se das ansiedades desnecessárias e compreendendo que a cada passo bem dado no futuro poderemos chegar sem o stress que causamos no presente.

Enxergar com o coração é aprender a desenvolver o sentido aguçado de uma capacidade imensa de sentir diferentemente cada emoção, é cultivar a empatia e a sabedoria como formas essenciais de sobrevivência pura e inocente, é não deixar que mesmo tendo uma idade cronológica avançada os sentidos de compaixão e resiliência não se apaguem e sempre permaneçam joviais como o desabrochar de uma flor porque enxergar com o coração vai muito, muito além do que cada um de nós possa imaginar, enxergar com o coração é fazer com que olhos e coração se interajam numa mesma sintonia, numa linda conexão de sentimentos enxergando que a vida mesmo que às vezes nos pareça difícil ainda pode haver harmonia e leveza, basta apenas que utilizemos nossos sentidos para deixar a profunda essência de vida florescer e a nós favorecer.

Pense nisso, enxergue com o coração!

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417