
Quem ainda não sofreu a dor de alguém que saiu de nossas vidas sem que quiséssemos? Quem não está sofrendo ou sofreu esta partida sem entender na verdade “o que está acontecendo”?
Não há como explicar na integra o que acontece com nossos sentimentos quando precisamos deixar ir, deixar partir, seja esta despedida numa morte, num demitir-se de algum trabalho ou mesmo um amor.
É difícil aceitar deixar ir algo que por muito tempo convivemos, usufruímos, compartilhamos, demos o nosso melhor, porém chega um tempo que é preciso deixar ir, é necessário entender que naquela situação, naquele momento é preciso abrir mão para que possamos seguir.
Hoje vamos abordar a necessidade de “Deixar ir” aquele amor, deixar fluir em uma nova rota aquele sentimento que por muito ou por algum tempo fez parte de nossas vidas.
Estejamos nós em que idade estivermos não muda, toda está necessidade de compreensão do deixar ir faz parte da evolução do ser humano que se presa no amor próprio.
Sabemos que não há uma receita como as receitas de culinária que nos conduza a melhor solução, não é regra, não é absoluta, cada um passa este processo de uma maneira e o mais importante é entender que precisamos olhar para nós mesmos, aprendendo cultivar a auto estima a ponto de fazer os nossos desejos prevalecerem e muita das vezes nos perguntando se estar aqui ainda me faz bem? Ou por que ainda me sujeito a este relacionamento que um dia foi bom e hoje só me traz dor, insegurança e dúvidas? Por que? Por que tudo isto desencadeou a ponto de chegar a este ponto?
Muitas vezes não percebemos, vamos vivendo pequenas situações que com o passar do tempo transbordam como uma avalanche prejudicando nossa saúde mental e até física, isto não é bom, é preciso observação.
Cada um de nós temos uma maneira bem peculiar de amar, alguns são intensos, outros românticos de mais, alguns são digamos “pegajosos”, cuidadosos de mais, outros inseguros, calados, faladores etc., já outros, nada são, apenas estão, não há também um parâmetro. É como somos.
Amor é um sentimento que necessariamente precisa ser como uma parceria, é uma plantinha que precisa ser cuidada, regada, alimentada todos os dias com pequenos gestos, com pequenas caricias e quando isto não acontece não há mais razão de seguir, de manter.
O amor é par, duas almas que se fundem em um propósito único, é um investimento a longo prazo que fazemos ao nosso coração, é aprendermos a ter persistência, resignação, é tomarmos atitudes e decisões a dois, amor não dá pra ser único além do amor próprio porém quando este sentimento é apenas cultivado por um, não faz mais sentido, e nesta hora entender, aceitar, não se envergonhar que o melhor é deixar ir fará uma grande diferença pois abrir mão de um sentimento é mostrar coragem, bravura, mostrar domínio do nosso próprio eu respeitando a nossa individualidade.
Desapegar não é só uma atitude que tomamos em se tratando de roupas, sapatos, utensílios domésticos etc, desapegar tem também o sentido de deixar fluir, abrir mão para deixar seguir é deixar que a liberdade de escolha vença obstáculos e busque novos caminhos, desapegar é mostrar a nós mesmos o valor que nos damos superando as barreiras da incompreensão, fortalecendo nossas emoções. Vivendo.
Desapegar, deixar ir é mais do que apenas uma decisão é definitivamente a busca absoluta da liberdade da grandeza espiritual, do valor que damos a nós mesmos e até ao outro.
Existem alguns sinais e em algumas ou na maioria das vezes não prestamos atenção de imediato, porém, esses sinais vão se acentuando cada dia mais, com mais voracidade, vão avançando tomando nosso espaço e aprisionando-nos em um sentimento agora inútil.
Somos atenciosos e está atenção não é correspondida, damos o nosso melhor e nem o mínimo é dado, ligamos, preocupamos, chamamos para sair, queremos a companhia e nada disso temos em troca. Queremos um almoço à mesa, um sorriso sem razão, apenas um abraço, isto não chega. Fazemos planos, sonhamos e nada se torna real, agimos com leveza, somos constantes e tudo isso em vão. Tantos sinais que são apenas alguns sinais por algum tempo e outros tantos chegam, outros tantos chegam e começam ferir, começam nos mostrar que tudo aquilo não somos nós e sim sou eu, sozinho (a), então, por que permanecer?
Nós merecemos a felicidade, nós merecemos o que há de melhor, nós merecemos a cumplicidade total, merecemos a grandeza, o apogeu, merecemos o que a vida tem de melhor e quando entendemos isso começamos também a perceber que tudo só chegará quando deixarmos o que está nos fazendo mal partir, quando deixarmos ir para termos liberdade de observarmos ao nosso redor e perceber que onde menos esperávamos é que está escondido o diamante desejado.
Não é fácil, precisamos ser corajosos, astutos, aventureiros e muito mais, todos sabemos, mas quando há compreensão a dor passará e ficará em nós o alivio da decisão e a paz do bem viver.
Deixe ir.
Pense nisso
Gilwanya Ferreira
CRP 04/42417