
Ao falarmos de padrões de comportamento precisamos antes de tudo compreender este termo que tanto está sendo usado na atualidade quando se refere à maturidade da vida onde nós, pessoas com mais de 60 anos vamos calcificando ou até mesmo mudando nossos padrões de comportamento para nos adaptarmos às novas realidades ou para que possamos ter “o sossego” (às vezes aparente) que tanto queremos.
Desde que nascemos somos inseridos à padrões de comportamentos tanto no núcleo familiar quanto na sociedade em que vivemos, seja ela laboral, de amizades, escolares, religiosas e outras. Os padrões de comportamentos que seguimos identificam quem somos e como vivemos.
Imagine uma peça de teatro, todo contexto ali vivido precisa ser moldado dentro de padrões de comportamento dos atores atuantes, daqueles que dirigem a peça e dos que estão nos bastidores, todos precisam se alinhar a padrões pré determinados para que tudo aconteça a tempo e hora necessário ao skript escrito e é só assim que tudo pode dar certo.
Os padrões de comportamento também podem ser comparados à movimentos diários que fazemos tais como, levantar, ir ao banheiro, fazer a higiene pessoal, caminhar até a cozinha, preparar o café, dirigir até o trabalho, levar os filhos à escola, preparar o almoço, organizar a casa a maneira de cada um, irmos ao encontro dos amigos, viajar, rir, brincar e tantas outros movimentos que fazemos até mesmo de forma inconsciente que vão se ajustando à nossa rotina diária. É a chamada estrada mental que de forma automática vamos ao longo da vida moldando e em uma determinada etapa isto se torna padrão de comportamento e quanto mais caminhos percorremos mais calcificadas elas estarão, quanto mais tempo permanecermos nelas mais difíceis serão de mudar.
Os padrões de comportamento podem ser negativos e também positivos como qualquer atitude de qualquer um de nós, o importante é prestarmos atenção naquilo que nos faz bem e deve ser mantido ao longo da vida ou aqueles padrões que de alguma forma nos fazem mal para que estes possam ser repensados e quem sabe até abolidos.
Como exemplo posso dizer que se mantivemos pelos longos anos de nossas vidas hábitos saudáveis como natação, ginásticas, caminhadas dentre outros exercícios, alimentação saudável, bons pensamentos, etc. estes são classificados como alguns padrões positivos que precisamos mater para o bem estar de nossa saúde tanto física quanto mental, já o contrário se temos o hábito de fumar, ingerir bebidas alcóolicas, sono irregular, se estivermos sempre irritados, se de alguma forma queremos nos isolar, se relaxamos na nossa higiene num contexto geral, se percebemos ou alguém nos aponta um grau de incapacidade cognitiva expressiva precisamos nos alertar pois, estes visivelmente são padrões negativos que podem prejudicar nossa qualidade de vida e nosso bem viver.
Mas aí vem a pergunta: – O que precisamos fazer e como devemos nós idosos conscientes e participativos agir para que possamos manter padrões de comportamento sempre positivos e mudarmos aqueles, os negativos para que estes não interfiram nesta tão sonhada qualidade de vida?
O primeiro passo quando estamos ainda lúcidos e conscientes de nossos movimentos diários independente da idade que estivermos é atentarmos a quaisquer movimentos negativos que percebermos e também darmos a devida importância à pontuações daqueles que nos cercam como filhos, amigos, companheiros, colegas do trabalho se ainda estivermos na ativa etc, qualquer comentário tal como: – Você está ficando chata(o), Olha, cuidado, você está fumando muito, Você já pensou, não seria melhor diminuir na bebida? Humm, não seria melhor respirar? acalme-se, está irritabilidade não faz sentido, Você anda muito desconfiada (o), dentre tantos outros pequenos pontos negativos que possam nos ser apontados não como crítica e sim como alerta de um padrão que está se calcificando inconscientemente e que pode alterar toda rota de vida para um caminho não agradável é preciso atenção, é o momento em que precisamos mudar.
Quando somos ainda capazes de perceber e aceitar todas estas pontuações e outras mais é sinal que ainda somos capazes de mudar, somos capazes de derrubar estas “paredes escuras” e reconstruir novas edificações mais leves. Sabemos que não é simples, é um trabalho que demanda paciência e muitas das vezes resiliência e uma pitada de inteligência emocional que afetará nossa auto avaliação anterior de que “eu estou certa(o)” para “sim, reconheço que preciso mudar”.
Este primeiro passo é de suma importância pois facilitará grandemente toda mudança de comportamento que seja necessária para se alcançar o desejado “caminho florido na maturidade da vida”.
Às vezes não conseguiremos sozinhas(os), às vezes precisaremos de uma ajuda até multidisciplinar, mas que importa? O que importa mesmo é nossa qualidade de vida e a força de mantermos padrões positivos para que tenhamos um envelhecimento saudável e a longevidade que sonhamos então, porque não buscar ajuda?
Temos vários segmentos que podem nos ajudar nesta grande jornada que é a mudança de padrões de comportamentos negativos, a psicologia, a piscogerontologia, a hipnose, a terapia ocupacional, a medicina em um gerontólogo ou um geriatra, até mesmo aquele profissional da saúde, o clinico geral que te acompanha no dia a dia, a religiosidade entendendo que a crença religiosa faz um bem danado para aqueles que creem e outros tantos caminhos que podemos pedir ajuda para que este estado seja totalmente modificado. Somente reconhecendo nossas fragilidades é nos tornamos fortes o suficiente para que possamos ter o poder de modificar nossas vidas.
É importante aqui ressaltar que todo este movimento acima citado é facilmente aplicado em pessoas com capacidades mentais positivas dentro do padrão de cada idade, porém padrões de comportamentos negativos também se manifestam em pessoas com debilidades, comprometimento mental afetado, em um grau de ansiedade exacerbada, na depressão etc, nestes casos é necessário a atenção redobrada pois é preciso primeiro compreender o sujeito, cuidar da causa para só assim trabalhar a mudança dos padrões negativos pois estes podem ter surgido como “válvulas de escape” de uma situação vivida e não como padrões propriamente descritos pelo entorno.
Algumas vezes percebemos que uma pessoa ainda na idade adulta que se comportava positivamente sempre ou quase sempre na madurez muda, se torna alguém com comportamentos “diferentes”, neste caso, o desenvolvimento gradativo de certas mudanças como por exemplo a vergonha de precisar de ajuda quando este sempre foi independente, a não aceitação de que está ficando velho, o aumento excessivo dos cuidados com a aparência ou o desleixo repentino, o comportamento infantilizado sem razões expecíficas e outras mudanças que antes não existiam é um dos alertas, é como se a “luz vermelha” se acendesse mostrando que algo não está bem e então é de extrema necessidade daqueles que o cercam a paciência, a resiliência e o diálogo constante para que possam averiguar as causas destas mudanças com carinho pois essas mudanças podem ser advindas de uso de medicamentos, uso abusivo do álcool ou outras drogas e só assim, depois de uma avaliação e de um acolhimento correto tomar as devidas medidas para que este idoso tenha uma vida mais saudável.
O apoio nestes momentos, o encorajamento, o abraço amigo e confiante, a estimulação em vários seguimentos, a flexibilidade nas ações mesmo firmes, e outras tantas ações farão muita diferença pois, passará ao idosos necessitado a segurança da firmeza para que ele possa transitar nesta mudança com a excelência necessária de um bem viver novamente ativo.
Então, vamos lembrar que envelhecer não é sinônimo de perder, ninguém necessariamente ao envelhecer precisa estar condenado à padrões de comportamentos que possam afetar sua dignidade e sua liberdade, investir nas mudanças, aceitar que somos a cada dia uma pessoa “diferente” e que sempre estaremos em evolução ajudará imensamente na plena longevidade diferenciada portanto, quem sabe é agora o memento de MUDAR?
Pense nisso.
Gilwanya Ferreira
CRP 04/42417