O sentimento de pertencimento e o idoso

É comum o sentimento de pertencimento entre as pessoas, é natural desde o nascimento mesmo que inconsciente que uma pessoa sinta a necessidade de estar inserido em uma sociedade seja ela familiar, profissional, de amizades, religiosas ou uma outra caso houver.

Não nascemos para vivermos sozinhos, somos seres sociais e necessitamos sempre uns dos outros para que nossa existência possa se completar em um ciclo natural, mas o que significa o termo pertencimento social? O que este sentimento pode modificar o comportamento de um idoso?

Teoricamente o sentimento de pertencimento é o que podemos referir a toda as necessidades humanas de se conectar com tudo o que está a sua volta, seja entre a comunidade familiar, escolar, profissional, de amizades, religiosas dentre outras. É caracterizado pela sensação de “ser aceito(a)” de fazer parte do contexto em que vive e poder ter a certeza de estar colocado(a) ativamente nos movimentos desta mesma sociedade sendo respeitado(a) pelas suas características naturais e sua subjetividade, sendo reconhecido pelas suas capacidades e também pelas suas limitações.

É aceitar e ser aceito(a) com a dignidade desejada, é o respeito à reciprocidade e assim poder manter o bem estar psicológico e a saúde física e também mental.

No corre-corre da vida quando ainda estamos jovens este sentimento é muito diferente, queremos estar inseridos às vezes até fazemos questão mas, em várias situações o estar “fora da caixinha” não nos afeta tanto, no entanto, com o passar dos anos quando vamos envelhecendo algumas coisas mudam, nossa visão de mundo torna-se diferente e algumas necessidades outrora talvez exigidas passam a não fazerem tanto sentido e outras pouco percebidas ao longo dos anos passam a ser mais apreciadas, observadas e posso até mesmo dizer primordiais no nosso dia a dia.

Na visão do idoso estes conceitos mudam porque sentir-se inserido passa ser algo fundamental para sua saúde e o bem estar. Para aqueles que tem 60 anos ou mais a vida é plena quando está conectada ao mundo, quando sua autoestima é promovida e elevada, quando sua capacidade cognitiva é evidenciada pelas suas ações pois estas situações os fazem sentirem se vivos, aceitos, valorizados integrados e assim automaticamente estarão reduzindo a sensação de solidão, de isolamento.

O pertencimento social é tão importante para um idoso que pode mudar a saúde física impulsionando a redução da ansiedade, da tristeza, da angustia e até da depressão.

O idoso pertencente sente-se apoiado e ainda útil, a felicidade se torna cada dia mais corriqueiras vindas de pequenas atitudes, pequenos gestos que farão total diferença.

Sabemos que a saúde mental tem um impacto totalmente relacionado à saúde física e na terceira idade não é diferente e pode inclusive ser um fator de grande influência tanto positiva quanto negativamente.

O idoso(a) que vive sua felicidade singular é capaz de diferenciar suas sensações com discernimento peculiar e nesta seleção de momentos compreender que não é apenas estar inserido à uma comunidade que o ajudará a tantos benefícios e sim estar em primeiro lugar feliz consigo próprio, estar pleno de suas convicções e conscientes de seus medos e anseios para assim depois receber do outro aquilo que chegará apenas como acréscimo e não como prioridade.

Estar pertencente é diferente, muito diferente de sentir-se pertencente, estar é apenas estar ali, sendo visto(a), “usado(a)”, usando do entorno sem absorver nada, sem aproveitar as riquezas mínimas do conjunto de informações de diversas fontes distintas, é não se doar, é como se em um voo “aquele pássaro” saiba que ali pode pousar porque simplesmente ali está sua espécie e não porque ali é seu lugar.

Já se sentir pertencente é compreender o valor de cada gesto, é sugar e aproveitar cada momento de compartilhamento, é compartilhar também suas experiencias, suas vitórias e também suas dores e derrotas tendo a certeza que não está sendo julgado(a) e sim apoiado(a).  

Sentir-se pertencente vai além da nossa capacidade de entendimento, é um sentimento que brota com naturalidade em uma perfeição invejável como uma explosão de sentimentos, um pouso aconchegante que nos faz sentir nos plenos e convictos de nossa própria existência mesmo na maturidade da vida.

É de fato o bem estar emocional, a certeza da saúde mental, é o sentir a beleza da qualidade de vida vivida, é não sentir solidão mesmo quando sozinho(a) está, é sentir os laços entrelaçados dos abraços mesmo a distância daqueles que amamos.

Sentir-se pertencente é valorizar e ser valorizado(a) no pequeno sorriso que brota no canto da boca tímida que ainda anseia a vida, é fechar os olhos e enxergar a luz que brilha daquela comunidade, é ouvir e ser ouvido em suas histórias, contos ou causos mesmo que repetidos milhares de vezes, é sentir uma imensa satisfação pela vida acreditando no Criador, no Deus, no seu Deus que tudo pode e tudo é.

Sentir-se pertencente é ter a sensação de confiança aflorada mesmo nas dificuldades que na idade madura as vezes até chegam a ser corriqueiras, é ler um livro, é escutar a leitura de olhos fechados crédulos de que aquele momento é único, ou não.

Sentir-se pertencente é ainda poder ensinar, é ter a sensação de que a vida não está passando em vão, que num teatro, num cinema, numa apresentação ou quiçá em ainda numa carteira escolar muitos aprendizados ainda serão sugados, é a paz que todos queremos ter.  

É a motivação de outra vez poder fazer, é a valorização e a auto valorização, o sentimento de inclusão, é a oportunidade de novas amizades é o fortalecimento daquelas de uma vida inteira.

Sentir-se pertencente é ter a sensação do propósito comum cumprido cada um a seu tempo e então o bem estar e o estar bem possa inteligentemente serem definidos na plenitude do viver bem e do bem viver e assim ter a certeza que neste contexto chamado vida uma bela vida teremos.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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