Síndrome do pôr do sol ou crepuscular

Síndrome de Sundowning

Uma Síndrome pouco conhecida, porém, muito importante para nosso aprendizado devido a grandes alterações e sintomas que vão acontecendo dia após dia.

A Síndrome do pôr do sol ou Síndrome de Sundowning é definida por sintomas neuropsiquiátricos advindos do distúrbio do sono  tais como ansiedade, irritação, confusão mental, inquietação, desequilíbrio ou alteração no andar, alucinações visuais e auditivas, alterações no humor, estado de desconfiança, gemidos despropositais além de pensamentos delirantes e estes sintomas aparecem geralmente no final da tarde ou no início da noite e até mesmo pela falta de luminosidade do ambiente é comumente associada à pacientes com algum tipo de demência como por exemplo Alzheimer e estão  também relacionados ao nosso ritmo circadiano que nada mais é do que o controlador do sono e do despertar, da temperatura corporal, da pressão arterial, da liberação de hormônios, do nosso metabolismo e muito mais.

A área do cérebro chamada de núcleo supraquiasmático é quem controla o ritmo circadiano e quando há alguma anomalia, uma degradação deste núcleo no hipotálamo e a perda da melatonina é quando ocorre a incidência desta Síndrome.

Além de alterações no ritmo circadiano também pode haver alterações cognitivas que afetarão diretamente à forma com que o sujeito raciocina, resolve problemas, altera suas funções mentais e comportamentais e também a memória.

A Síndrome do pôr do sol também altera significativamente os fatores sociais e ambientais do sujeito, transformando seu entardecer em algo totalmente amedrontador devido a diminuição da capacidade de retenção de informações sensoriais.

Imaginemos que durante todo o dia nosso cérebro retem várias informações assim como executa várias tarefas, algumas até automaticamente e estas ações são interpretações singulares do mundo em nossa volta e elas podem ser retidas pelos nossos 5 sentidos, porém ao cair da noite ao escurecer alguns de nossos sentidos como a visão pode ser alterado impossibilitando a captação natural da imagem e consequentemente a perda quantidade de retenção destas mesmas informação o que provocará à aquele que vive esta síndrome não conseguir interpretar corretamente o que se passa ao seu entorno e assim surge o desencadeamento das  mudanças comportamentais citadas acima ou algumas outras totalmente inesperadas.

É muito importante ressaltar que a Síndrome do pôr do sol precisa ser vista como uma síndrome de abordagem multidisciplinar devido à sintomas diversos e unificados, emocionais e físicos e também cognitivos que surgem de diferentes demências associadas a alterações naturais geriátricas que afetam os quadros clínicos do idoso os tornando cada vez mais frágeis.

Para se combater esta Síndrome é necessário a introdução medicamentosa como inibidores de acetilcolinesterase, hipnóticos, antipsicóticos benzodiazepinas, assim como dos profissionais da psicologia, da neuropsicologia, do neurologista, da psiquiatria que juntos poderão orientar, acolher e principalmente ajudar na mudança de comportamento do sujeito em questão.

É essencial entender que a Síndrome do pôr do sol é algo sério e que muda totalmente a qualidade de vida e são necessárias algumas alterações comportamentais também de familiares, amigos e cuidadores.

Ser compreensivo no trato com aqueles que vivem esta Síndrome pode ajudar, acalmar e acolher.

Algumas medidas como mater acessa as luzes, bem iluminado o ambiente em que vive ao cair da tarde ajudará na continuidade da captação sensorial natural, diminuindo a sensação de perda desta capacidade e consequentemente diminuirá os sintomas desencadeados por este gatilho.

Permitir que o sujeito durma um pouco principalmente após o almoço ajudará significativamente pois o descanso aliviará a fadiga natural física e também cognitiva dando ao cérebro uma chance maior de se recarregar e assim se manter melhor no equilíbrio desejado.

Acolher, atender as necessidades básicas com precisão de horários tais como fome, sede, resguardo da dor, presença para o alivio da solidão, atividades para o não aparecimento do tédio assim como a escuta de queixas sem repreensão, a visualização e tentativas de resolução dos apelos e a compreensão dos medos podem fazer toda diferença na qualidade e desenvolvimento positivo principalmente no horário mais temido do dia que é o entardecer.

Mater a calma, evitar a exaustão, ser paciente demandam dedicação daqueles que convivem diretamente com a síndrome.

Não tomar atitudes precipitadas, evitar ruídos excessivos, desviar a atenção do sujeito fazendo-o focar em algo agradável ao seu gosto, como dança, música, um bom filme etc. podem também fazer toda diferença tanto para o sujeito quanto para aqueles que convivem pois assim agindo evitara o desgaste emocional de ambos.

A junção de todos os cuidados, a orientação de profissionais capacitados, a ajuda psicológica tanto para o sujeito quanto para aqueles que com ele convivem são fatores importantes para que a qualidade de vida de todos possa ser considerada em um nível adequado de tolerância.

Observar possíveis sintomas precocemente apresentados não desmerecendo “certas atitudes” ou as nomeando como “crise da idade”, aborrecimento natural”, etc. podem também evitar transtornos futuros.

Conhecer, atender e acolher aquele que vive a Síndrome pode ser algo significativo tanto para quem vive quanto para aqueles que convivem.

Portanto, procurar ajuda de profissionais capacitados e entender que eles poderão orientar com precisão as condutas adequadas e o tratamento mais propício vão fazer a vida continuar florida e iluminada mesmo em cada entardecer.

Pense nisso.

Gilwanya Ferreira

CRP 04/42417

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